sexta-feira, 23 de julho de 2010

considerações a mim mesmo

Sou uma pedra escondida no campo
Espero a lâmina fria e afiada do ceifador
Ela vem uniforme a decapitar as flores que teimam em brotar
Só querem espinhos e pastos
Eles querem alimentar a besta que comanda
Não permitem que a beleza aflore nesse campo
Querem o campo, mas não querem as flores
Porque as flores atraem outros seres
Pois os seres podem espalhar os polens
E as flores podem tomar o campo
Por isso o ceifador trabalha ininterruptamente

Ainda não posso correr de encontro à lâmina
Minha natureza não me permite, pois sou uma pedra
Eu já fui flor e não temi a lâmina
O espírito da produção me requisitou
E me convidou a ser pedra
As pedras segam a lâmina
Podem chegar a quebrá-la

Eu estou no campo de batalha
Outras pedras estão comigo
Espalhadas como minas terrestres
Digo às flores que resistam
Elas são a beleza do campo
Não se preocupem com a lâmina
Se preocupem com o campo
Às vezes flores querem ser pedras
Pois a lâmina não resistiria
Mas eu digo ás flores que sejam flores
Não podemos provocar o desequilíbrio
O campo precisa de todos

Quando a lâmina chegar eu vou esta pronto
Ou eu a sego e fico intacto
Ou a sego e me despedaço!

5 comentários:

Manu Almeida disse...

Hello...
Confesso que seus poemas sempre me põem a refletir, sempre me deslumbram.

MaRio Rafael disse...

"calangão alucinógeno" é? rsrsrsr...

vlw cara, abraços.

Cemitério de Ilusões disse...

estagnada pelo fervor das palavras, de intensidade imensuravel, lindo

Anônimo disse...

Tegas... Realmente nostálgico e penetrante a fusão das palavras com a simplicidade do poeta!!!

Fuck Yeahhh!!!

MaRio Rafael disse...

ei macho, kd o modelo do planejamento macho?to mandando por aq pq não confio no e-mail
m responde!