quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Criador e criatura

Sim. O mundo gira a meu redor. Meus sonhos se confrangem em segredo. Só eu os sei! Agora sou um sentimento. Uma angustia real, que de tão real me faço por inteiro. Compramos uma história. E nela compomos um final feliz. Mas não consultamos os personagens. Sem direito algum exigimos que fossem felizes. Mas eles ganharam vida própria. E agora o céu não é mais possível. Pois anedotas paralelas figuram nossos desejos. E dançamos em blocos carnavalescos como os antigos umbandas saciavam sua cede. Sim. Tornaram-se mais reais que nós mesmos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quando a derrota eminente se aproxima em passos lentos, no horizonte crepuscular, com o olhar umedecido e o coração em flagelos, respiramos o ar putrefato que se aproxima, não há mais volta. Entramos numa batalha sem armas, abrimos o peito como se fosse o escudo, estufamos força no nosso ponto fraco. Porém, só a coragem não contra-golpeia, só à vontade não contra-golpeia! Ontem quando o horizonte apresentava como uma possibilidade de mudança, éramos quase felizes, corríamos feito crianças, tínhamos a garganta mais pura e o som mais Agudo podias produzir, e eram gritos estridentes. Agora tudo quer se emudecer, envelhecemos cedo de mais, tornamo-nos adultos infantis, porém um Grave profundo se apoderou do som da nossa voz, e agora vivemos como se estivéssemos no fundo de um poço tapado, falamos mas ninguém entende! Falta-lhes os motivos para que entendam. Só o que me resta é brincar de ser poeta vou sucumbindo lentamente ao encontro da derrota com a cabeça erguida por saber do tamanho da minha existência, e da minha insignificância diante do por vir... 06/12/2011

SEMIÓTICA DESSES DESEJOS

Mundo velho e cheio de repetições. Estou farto de ti. Deixai o teu ego para traz. Permita-te viver na arte, esqueces os limites psico-orgânicos. Penetrai num além de ti. Abandonai os pressupostos de uma existência fadada ao fracasso. Vai para além da utilidade. Entrai no acaso dos acontecimentos sem se limitar-te. E perdo-ai-nos afina cada um tem o inconsciente que merece.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A-Deus Fé!

A-Deus Fé! A ilusão acenou-me em câmera lenta Com uma nostalgia a embrulhar-me o estomago E eu tive que crescer Tive que ganhar dinheiro vendendo o meu tempo, e sacrificando as únicas coisas que me pertencem Estou perdido, já não posso voltar Pois a ilusão viajou para onde a rota do pensamento não pode seguir, está inacessível Como é triste a beleza da vida Que é trocar o que não se tem pelo que se quer ter Queria trazer a ilusa junto ao peito Viver, comprar, orar, pagar e esperar Ser como os outros e não aceitar o contrário Queria ser demasiadamente humano como os vejo A ilusão ao despedir-se volveu a cabeça Como quem espera ser seguido Num movimento lento e sem som E eu despedacei-me em idéias As rajadas telepáticas do inconcebível Que eu desfigurei num ser só meu E tornei-me homem

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Metáforas de um caos silêncioso

METÁFORAS DE UM CAOS SILÊNCIOSO

Um raio de luz por entre as brechas
Fixo os olhos na claridade
Ela não pode mais me ferir
Ela não pode mais me ferir
Degusto o sabor amargo da ultima quimera
Com calma e com pressa
ascendo minhas ultimas velas

Auto-exílio metaforico e agora é o que me resta, como em fim de festa!

Muita claridade me ofusca
pouco brilho não reluz
muita claridade me assusta
pouco brilho me conduz

Auto-exílio metaforico e agora é o que me resta, como em fim de festa!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

considerações a mim mesmo

Sou uma pedra escondida no campo
Espero a lâmina fria e afiada do ceifador
Ela vem uniforme a decapitar as flores que teimam em brotar
Só querem espinhos e pastos
Eles querem alimentar a besta que comanda
Não permitem que a beleza aflore nesse campo
Querem o campo, mas não querem as flores
Porque as flores atraem outros seres
Pois os seres podem espalhar os polens
E as flores podem tomar o campo
Por isso o ceifador trabalha ininterruptamente

Ainda não posso correr de encontro à lâmina
Minha natureza não me permite, pois sou uma pedra
Eu já fui flor e não temi a lâmina
O espírito da produção me requisitou
E me convidou a ser pedra
As pedras segam a lâmina
Podem chegar a quebrá-la

Eu estou no campo de batalha
Outras pedras estão comigo
Espalhadas como minas terrestres
Digo às flores que resistam
Elas são a beleza do campo
Não se preocupem com a lâmina
Se preocupem com o campo
Às vezes flores querem ser pedras
Pois a lâmina não resistiria
Mas eu digo ás flores que sejam flores
Não podemos provocar o desequilíbrio
O campo precisa de todos

Quando a lâmina chegar eu vou esta pronto
Ou eu a sego e fico intacto
Ou a sego e me despedaço!

sábado, 22 de maio de 2010

Nostalgias da cruz

Na epistemologia dos meus versos
concateno os paradoxos dos quais me fazem o que sou
eu qu sonhei e amei
que assim como todos passei pela vida sem a ter em minhas mãos
ah, que delícia da conciência da finitude
enquanto assisto um pequeno erro do ego humano...

Nostalgias da Cruz
assisto o espetáculo do Deus crucificado
e me delicio com o saboroso gosto do castigo.
Castigo para educar
persuadir
evitar.
Nada mais demasiadamente humano
e ao mesmo tempo divinamente humano!