quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Espelho

Eu sou o cara magro que passa do
Outro lado da esquina
Que anda desengonçado e corcunda
Que olha às vezes para frente mais
Quase sempre para o chão
Sou aquele sentimento de sempre achar
Que a vida podia dar algo a mais por min,
Por acreditar que tem muito a oferecê-la
Sou sempre o que podia ser aquilo e nunca isso!

Esse sou eu
E tudo que disseram de min
Coisas que eu nem tenho idéia do que seja

Talvez também façam parte de min
Os sentimentos que todos têm e fingem não ter.
Angústia, inveja e soberba.
Aquilo que é ele mesmo, Physis.
E a Arché de tudo isso?
Talvez que seja eu mesmo
O cara magro da esquina
Corcunda, solitário e vazio.

sábado, 16 de agosto de 2008

Desvairado

Eu te amaldiçôo
Não nasceras nem capim onde tu pises
Morreram vermes e bactérias que te toquem
Nenhum ser existente passará fronte tua face
E até a solidão te abandonará

O sol e a lua fugirão de ti
As estralas rasgarão o céu e antes que tu vejas
Mergulharão na escuridão
Não verás o nascer do sol
Acordarás e ele já terá partido
Das estações só verás o outono
Para que eternamente sonhes com a primavera
Serão estes os teus dias para todo o sempre


Dar-te-arei um calendário com os meses e os anos trocados
Para que a tua historia se perca
Pois não terás passado
Dormirá sem sentir sono
Nenhum sonho te reconfortará
E acordarás com o peso do mundo às tuas costas...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

05/08/08

profundo...
submerso...
vazio...

não sei.

algo errado no paraiso
me colocaram do lado dos felizes
e me diseram que é proibido ser triste.
logo eu,
que nasci com a melancolia pregada ao peito
logo eu.
que morri abraçado com ela
minha fiel companheira...

profundo é o sentimento que levo comigo
o de achar que a vida podia ser mais,
o de fazer conjecturas sobre o universo
com o mesmo intusiasmo que me divirto com meu sobrinho
profundo...

Submerso são minhas alucinações
mergulhado fundo no oceano de incertezas
essa proesa masoquista de quem sonha
com a mesma claridade do dia

sou vazio, e nada em min pode ser compreendido
como poderiam me compreender?
se nem eu mesmo, no meio de todas as verdades e mentiras me fiz
me compreendi e viví...