domingo, 13 de julho de 2008

O palhaço e a depressão 06/02/2008

Pintei meu rosto, olhei-me no espelho.
Mas o que há?
Ouço gritos lá fora, uma multidão me espera.
Querem rir de min, das minhas roupas e do meu rosto.
Talvez também quisessem rir do domador de leões
se estivessem aqui na quinta à tarde teriam rido,
quando o leão não quis ser domado
arrancou o braço do domador e por pouco não o devorou.
Eu não ri! No entanto querem rir de min.
Deixam suas casas, trancam seus problemas lá dentro
e a procura do riso me encontram.
Sobem essas arquibancadas com seus sacos de pipoca insossa
com suas roupas mais engraçadas que aminha e me esperam.
Esperam rir de min.
Mas quem é o palhaço?
Aquele que se pinta para uma apresentação e logo em
seguida lava o rosto e sai da roupa folgada,
ou aquele que maquia seus sentimentos e angustias antes
de vestir o terno?
Procurando assim disfarçar seu desencanto com a vida e
com o trabalho,
por pura conveniência.
Quem é o palhaço?
Talvez vejam em min suas imagens refletidas,
mas ainda não compreenderam.
Eu, o palhaço suicida. Uma esponja a absorver desilusões,
a metáfora das frustrações alheias.
Gozando do riso dos que não me compreendem e sendo
gazado pela mesma ausência de compreensão.
As luzes apagaram-se no picadeiro.
Devo sair da escuridão e animar os miseráveis,
aceitando minha condição.
Condição de imagem do palhaço! Anunciaram meu nome,
devo ir.
Um turbilhão de euforia e sentimentos, gritos e risadas.
Os que não trancaram seus problemas também estavam
na arquibancada, e os jogaram em min.
de varias formas, Vaias, palavrões, reprovas.
Mas estes também tiveram o show que queriam e que
esperavam.

Fecham-se as cortinas, volto ao meu camarim.
No corredor sou cumprimentando por vários conhecidos,
alguns por educação outros por admiração mesmo.
Tranquei a porta, mais uma vez olho-me no espelho.
Devo limpar meu rosto, isso sei que posso fazer!
Mas quem vai limpar meu coração?
Tenho absorvido a cada espetáculo o mal dos homens,
enquanto eles retornam as suas casas ainda gracejadas,
se revigorando por me encontrarem, e despejarem em min
todos os seus sentimentos.
E eu? Do que me alimentarei? De palmas, risos? Não, não.
Os holofotes já não clareiam o meu caminho, pelo contrario
me ofuscam.
Eu, o palhaço de min.
Dançando num imenso picadeiro chamado planeta terra
enquanto vejo suas marionetes rindo de min

3 comentários:

Unknown disse...

Realmente essa é a + pura realidade, qndo nos vemos obrigados a tentar reprimir nossos problemas e "palhaçads" e jogá-las em cima dos outros de forma a usarmos constantemente nossas roupas de palhaço...Isso ñ é estatístik, é Fato q talvez jamais mudemos...

Grande Tegas abraços
WERBE(S@P@O)

Unknown disse...

Nossssssssssaaaaaaaaaaa!!! Simplesmente amamos. Está excelente, incrível e não tenho palavras pra lhe explicar o quanto está bom, pois é muito verdadeiro e transparente a forma como você expressou.
Se publicar o livro queremos ser as primeiras a comprar e com direito a outográfo!
Adoramos Teguinha!!!Bjão...Alana e Jacke.

Rob Farias disse...

cara esta otimo, muitas vezes me sintõ com o palhaço descreve, mascarando-me no meu trablaho e em outras trivialidades.

gostei muito

virei seu fã...